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Apostas online já afetam jovens de Rio Preto (SP) e adiam sonho da faculdade, alerta professora
O vício em apostas online — as chamadas bets — já está impactando diretamente o futuro de milhares de jovens brasileiros e também preocupa especialistas de São José do Rio Preto (SP). Mais do que pesar no bolso, o hábito compulsivo de apostar compromete planos de vida, afeta a saúde mental e empurra muitos estudantes para a evasão escolar e o endividamento.
Por Por Gazeta do Interior - São José do Rio Preto
10 de Julho de 2025 às 15:46
O vício em apostas online — as chamadas bets — já está impactando diretamente o futuro de milhares de jovens brasileiros e também preocupa especialistas de São José do Rio Preto (SP). Mais do que pesar no bolso, o hábito compulsivo de apostar compromete planos de vida, afeta a saúde mental e empurra muitos estudantes para a evasão escolar e o endividamento.
Uma pesquisa nacional realizada pela Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) em parceria com a Educa Insights revela um dado alarmante: 34% dos jovens entre 18 e 35 anos adiaram o início da faculdade em 2025 por causa dos gastos com apostas, o que representa quase 1 milhão de pessoas. E entre os que já estão matriculados, 14% relataram atraso nas mensalidades ou até trancamento do curso devido às bets.
Em Rio Preto, a situação tem sido acompanhada de perto pela professora da Fatec, Liszeila Martingo, que também atua como diretora de Startup e Inovação da Apeti, entidade que representa empresas de tecnologia. Para ela, o vício é comparável ao uso de drogas e álcool, pois ativa os mesmos gatilhos cerebrais de prazer imediato.
“Essas plataformas usam neurociência para criar dependência. São feitas para dar prazer rápido e constante. Pegam os mais vulneráveis: jovens com baixa renda, sem estrutura emocional, e destroem qualquer perspectiva de futuro”, afirma.
Liszeila relata que tem visto o impacto dentro das salas de aula. Alunos desmotivados, ausentes, sem planos. “Faltou educação financeira lá atrás e falta também perspectiva em casa. O marketing das bets promete dinheiro fácil. Eles mergulham nisso sem perceber o risco.”
Um levantamento da Unifesp reforça o alerta: mais de 10,9 milhões de brasileiros já apresentam comportamento de aposta perigoso, sendo que 1,4 milhão estão em estágio avançado do transtorno. Entre os adolescentes de 14 a 17 anos que apostam, mais da metade está na zona de risco. “É um cassino 24 horas no celular. Os algoritmos sabem quando atacar, exploram as fragilidades emocionais. E tem influenciador digital vendendo luxo, ostentação, dizendo que ficou rico com isso. Muitos jovens acreditam e seguem esse caminho”, alerta a professora.
As consequências chegam rápido: dívidas, queda no desempenho, abandono de cursos, conflitos familiares e problemas graves de saúde mental.
“O jovem acha que tem controle, mas perde rapidinho. Eles não falam, escondem. Isso dificulta a ajuda e eles vão se afundando. Precisamos conversar sobre isso em casa, nas escolas, nas universidades. Ver os sinais. Quando o vício se instala, só com acompanhamento psicológico é possível tratar. É hora de abraçar esses jovens, não ignorar o problema”, conclui Liszeila.