Estado clínico do papa é estável, mas ainda inspira cuidados
04/03/2025
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04 de Março de 2025 às 09:22
O quadro clínico do papa Francisco segue estável, sem necessidade de ventilação mecânica nas últimas horas, segundo o último boletim médico, divulgado nesta segunda-feira (3). De acordo com os médicos, ele passou bem à noite e continua sem febre, o que indica ausência de infecção. Na semana passada, Francisco passou por uma crise respiratória que preocupou a equipe médica do Hospital Gemelli, de Roma. Aos 88 anos de idade, a mais alta autoridade da Igreja Católica ingressou ao hospital no dia 14 de fevereiro com um quadro de bronquite com infecção polimicrobiana e uma pneumonia bilateral. Pelo terceiro domingo consecutivo, o papa Francisco não proferiu a mensagem do Angelus aos fiéis. No domingo (2), ele recebeu a visita do secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, e do secretário-adjunto de Estado, Edgar Peña Parra. Em mensagem enviada aos participantes do congresso O fim do mundo? Crises, responsabilidades, esperanças, que acontece em Roma desde o último domingo, Francisco fez críticas à tecnocracia neoliberal e defendeu o respeito à ciência e o fortalecimento do multilateralismo.
“Não será a tecnocracia que nos salvará. Submeter-se a uma desregulação utilitarista e neoliberal global significa impor a lei do mais forte, e essa é uma lei que desumaniza”, disse o Papa. “Infelizmente, constatamos uma crescente irrelevância dos organismos internacionais, minados por atitudes míopes que priorizam interesses particulares e nacionais. No entanto, devemos continuar a trabalhar com determinação para ‘organizações mundiais mais eficazes, dotadas de autoridade para assegurar o bem comum global, a erradicação da fome e da miséria e a defesa inegociável dos direitos humanos fundamentais’”, escreveu o pontífice, em referência à encíclica Fratelli tutti.
“Eu também rezo por vocês. E rezo especialmente pela paz. Daqui a guerra parece ainda mais absurda. Rezemos pela martirizada Ucrânia, pela Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão, Kivu [região da República Democrática do Congo]”, disse o Papa. Ele também fez um chamado à escuta e a estarmos abertos às mudanças necessárias para a transformação do mundo que enfrenta uma “policrise”, com a convergência de guerras, mudanças no clima, crises energéticas, pandemias, fluxos migratórios e inovações tecnológicas. “Se não analisarmos seriamente nossas resistências profundas à mudança, tanto como indivíduos quanto como sociedade, continuaremos a repetir os mesmos erros cometidos diante de crises anteriores”, afirmou o pontífice. O papa conclui a mensagem agradecendo as orações pela sua saúde e agradeceu a esquipe médica que o acompanha. “Sinto todo o seu carinho e proximidade e, neste momento particular, sinto como se estivesse sendo ‘carregado’ e apoiado por todo o povo de Deus. Obrigado a todos!”, finalizou Francisco.