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Potirendaba (SP) se despede de Felipe Coiado, jovem que sonhava voar e morreu em trágico acidente aéreo
A cidade de Potirendaba amanheceu em luto nesta quarta-feira
Por Por Luiz Aranha, Gazeta do Interior - Potirendaba
03 de Julho de 2025 às 09:35
A cidade de Potirendaba (SP) amanheceu em luto nesta quarta-feira (02/07/2025) com a despedida de Felipe Coiado Gomes, de 23 anos, que morreu em um trágico acidente aéreo na manhã da última terça-feira (1º), na zona rural de São José do Rio Preto (SP). Junto com ele estava o instrutor de voo Abner Casagrande de Oliveira, de 41 anos. Ambos perderam a vida no momento da queda da aeronave que Felipe pilotava, sete minutos após a decolagem.
Segundo informações apuradas pela Gazeta do Interior, Felipe estava no comando do voo de instrução quando decolou do Aeroclube do Aeroporto Estadual Professor Eribelto Manoel Reino, em Rio Preto, às 11h43. Às 11h50, o Corpo de Bombeiros foi acionado e enviou seis viaturas até uma área de pastagem na Estância Santa Inês, próxima ao bairro Vila Azul. Câmeras de segurança próximas registraram o momento em que o avião, um CAP-4 Paulistinha de 1943, caiu de bico, sem aparentes tentativas de arremetida ou correção de rota.
Equipes do SAMU também foram chamadas, mas encontraram os dois ocupantes já sem vida. Os corpos foram removidos pelo Instituto Médico Legal (IML) de Rio Preto. Apesar do impacto violento, não houve fogo nem vazamento de combustível. A área foi isolada e periciada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e pela Polícia Técnico-Científica.
Felipe era conhecido por todos como um jovem extremamente dedicado, gentil e apaixonado pela aviação. Morador de Potirendaba, ele estava em seu segundo dia de férias e voava em sua segunda hora de voo da semana rumo à realização de um sonho: tornar-se piloto comercial e, mais tarde, piloto agrícola.
“Desde criança ele dizia que queria voar. A gente acordava às 4h da manhã para ir até as pistas da usina só para ver os aviões decolarem e pousarem”, contou, emocionado, o melhor amigo Lucas Roberto Amorim, de 22 anos. Os dois cresceram juntos desde os 10 anos de idade. “Ainda não consigo acreditar. Era um irmão pra mim. O sonho dele era ser piloto agrícola. Ele só falava disso”.
A paixão virou realidade ainda na juventude. Felipe escreveu uma carta à empresa Imagem Aviação Agrícola, pedindo uma oportunidade de trabalhar com aquilo que mais amava. Foi contratado como ajudante da equipe de solo e passou a acompanhar de perto o dia a dia da aviação. Era responsável pelo abastecimento dos aviões em solo, sempre ao lado dos pilotos que admirava.
Um desses pilotos era Ricardo Volpe, sua maior inspiração, com quem já havia voado algumas vezes. “Felipe era um menino brilhante, extremamente responsável, muito organizado e determinado. Ele nasceu para isso”, disse Volpe à Gazeta.
Segundo Volpe, Felipe já tinha o brevê e era piloto privado – com 40 horas de voo já concluídas, mas precisava completar 150 horas para conseguir a carteira de piloto comercial. Somente quando concluísse então 400 horas é que se tornaria um piloto agrícola. “Eu, inclusive, seria o perito do voo final dele. Iria fazer o último voo da formação. É muito triste”, lamenta.
Felipe será sepultado com o macacão de piloto usado por Ricardo, um gesto simbólico que reforça o carinho e o reconhecimento por sua trajetória. “Ele sempre me pedia o macacão. Agora será enterrado com ele”, completou o amigo.
O gerente de Felipe na Imagem Aviação Agrícola, Hemerson Fernandes Gomes, também prestou homenagem. “Perdemos um grande colaborador, alguém raro. Extremamente dedicado, nunca dizia ‘não’. Vai ser muito difícil encontrar alguém com a garra e o brilho nos olhos que ele tinha”, afirmou.
Felipe investiu todo o dinheiro que tinha para bancar suas horas de voo. Cada minuto no céu o aproximava de seu objetivo, e foi justamente em uma dessas horas, com o coração cheio de esperança, que sua vida foi interrompida.
O velório aconteceu nesta quarta-feira (2), no Velório Municipal de Potirendaba, e o sepultamento ocorreu por volta das 17h, no Cemitério da cidade. Felipe deixa os pais, duas irmãs mais novas e uma cidade inteira tomada pela dor e pelas lembranças de um jovem que era querido por todos, sem exceção.
Nas redes sociais, centenas de homenagens com fotos e mensagens celebram sua vida, sua alegria e seu amor pelos céus.