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Imagem: Reprodução/ Instagram
Alfaiate de famosos é investigado por receber R$ 24 milhões de esquema do INSS
João Camargo, conhecido por vestir empresários, artistas e políticos, passou a circular entre os principais investigados da CPI mista do INSS
Por Flavia Cirino - Ofuxico
27 de Outubro de 2025 às 09:58
O nome de João Camargo, conhecido por vestir empresários, artistas e políticos, passou a circular entre os principais investigados da CPI mista do INSS.
De acordo com documentos apresentados ao Congresso Nacional, o alfaiate teria recebido R$ 24 milhões de uma das associações acusadas de desviar recursos de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social.
Há duas décadas no mercado de moda sob medida, Camargo é dono da MKT Connection Group, empresa de consultoria aberta em dezembro de 2022. Conforme o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a companhia movimentou valores expressivos. Entre 2022 e 2025 operou com a Amar Brasil. Esta, uma das entidades investigadas por participação no esquema que desviou mais de R$ 6,3 bilhões do INSS.
Durante o período analisado, a MKT Connection Group recebeu R$ 24,3 milhões da Amar Brasil. No mesmo intervalo, enviou R$ 784,5 mil de volta à associação. Ao todo, há registros de 65 transações entre as duas empresas, sendo a maioria destinada à consultoria controlada pelo alfaiate.
Camargo foi convocado para prestar esclarecimentos à CPI, que apura a rota do dinheiro desviado e os possíveis beneficiários. Em nota, a defesa afirmou que “a MKT Connection Group agiu e sempre age dentro da legalidade”. E que a investigação “servirá para demonstrar a ausência de qualquer irregularidade”. A defesa reforçou ainda que não há relação entre a alfaiataria e o caso investigado.
Conexões empresariais e suspeitas no setor
Além da MKT Connection, João Camargo também integrou a Kairos Representações Ltda., criada em outubro de 2023 e encerrada cinco meses depois. O empreendimento contou ainda com os sócios Américo Monte Junior, Anderson Cordeiro Vasconcelos, Felipe Macedo Gomes e José Branco Garcia — todos atualmente investigados pela Polícia Federal.
Até o momento, conforme os dados da CPI, não foram identificadas transferências diretas das associações suspeitas para a Kairos. Mesmo assim, os cinco ex-sócios foram chamados a depor. As investigações apuram se o grupo mantinha vínculo indireto com os operadores do esquema que desviou valores de aposentados e pensionistas em todo o país.
A CPI tenta rastrear como recursos de entidades sem fins lucrativos, responsáveis por representar beneficiários do INSS, acabaram transferidos a empresas privadas, muitas delas recém-criadas e com baixa movimentação fiscal anterior. O caso de João Camargo despertou atenção por envolver uma figura conhecida fora do meio político, associada a um segmento de luxo que, até então, parecia distante desse tipo de investigação.
Dos palcos à alfaiataria de luxo
Aos 50 anos, João Camargo construiu uma carreira sólida no mercado da moda masculina. Nascido em São Paulo, ele iniciou o trabalho com costura ainda criança, aos 11 anos. Antes de abrir seu próprio ateliê, passou por grifes renomadas como Bruno Minelli, Brooksfield e Ricardo Almeida. Em 2005, inaugurou sua loja homônima, especializada em ternos sob medida.
Reconhecido pelo corte clássico e pela clientela influente, o alfaiate ficou conhecido por vestir nomes como por exemplo o saudoso Silvio Santos, Paulo Ricardo, Bruno Gagliasso e Rodrigo Faro. Também produziu peças para políticos de Brasília e empresários de diferentes estados. Durante alguns anos, manteve um ateliê no Lago Sul, área nobre da capital federal, atendendo clientes de alto poder aquisitivo e participando de eventos de moda voltados ao público executivo.
Agora, com o nome envolvido na investigação da CPI, o estilista tenta se afastar das suspeitas que rondam a MKT Connection Group. As autoridades buscam esclarecer se os repasses milionários recebidos pela empresa têm relação direta com o desvio de recursos do INSS ou se correspondem a contratos legítimos de consultoria.
Enquanto as apurações seguem em ritmo acelerado no Congresso e na Polícia Federal, João Camargo tenta preservar a reputação construída em duas décadas no mercado de luxo. As próximas oitivas da CPI devem detalhar o caminho do dinheiro e definir se o alfaiate continuará na lista de investigados.