Notícias→DIRETO DA REDAÇÃO→Entre a vida e a espera: família de Potirendaba (SP) luta para salvar menino que nasceu com 'meio coração'
Imagem: Arquivo pessoal
Entre a vida e a espera: família de Potirendaba (SP) luta para salvar menino que nasceu com 'meio coração'
Miguel diagnosticado ainda na gestação com uma cardiopatia congênita rara, conhecida como “meio coração”, ele nasceu com apenas metade do órgão responsável por manter a vida.
Por Gazeta do Interior
18 de Dezembro de 2025 às 09:26
Desde o primeiro choro, a vida do pequeno Miguel Vega Sabbá, de Potirendaba (SP), tem sido uma sucessão de desafios extremos. Diagnosticado ainda na gestação com uma cardiopatia congênita rara, conhecida como “meio coração”, ele nasceu com apenas metade do órgão responsável por manter a vida. As chances de sobrevivência eram mínimas — apenas 10%, segundo avaliação médica.
A mãe, Geiza Mara Vega, relembra que o parto, em 2023, já foi marcado pela angústia. O plano de saúde da família, o Austa Clínicas, de São José do Rio Preto (SP), não dispunha de estrutura hospitalar para realizar o nascimento e os procedimentos urgentes de que o bebê precisava. Conforme apontado em perícia judicial, nem mesmo o Hospital da Criança e Maternidade (HCM), em Rio Preto, reunia condições técnicas para atender o caso naquele momento.
“Foi um desespero. Sabíamos que ele precisava nascer em um hospital altamente especializado. Cada minuto fazia diferença”, relata Geiza.
A esperança veio de São Paulo. Após intensa busca, a família encontrou no Hospital Beneficência Portuguesa a estrutura necessária para o atendimento. Miguel passou pela primeira cirurgia cardíaca com apenas quatro dias de vida e, pouco depois, enfrentou a segunda intervenção, procedimentos considerados fundamentais para sua sobrevivência.
Com o avanço do tratamento, no entanto, a família passou a viver um novo drama: o financeiro. Em junho deste ano, a Justiça determinou que todo o tratamento fosse custeado pelo plano de saúde. Apesar da decisão, segundo a família, o pagamento não foi efetivado.
Hoje, os valores em aberto são expressivos. A dívida com a equipe médica gira em torno de R$ 600 mil, enquanto os custos hospitalares já ultrapassam R$ 3 milhões. Miguel permanece internado em São Paulo, acompanhado da mãe, aguardando a terceira e última cirurgia, conhecida como Cirurgia de Fontan, etapa decisiva para que possa ter uma vida com menos riscos.
O receio da família é que, caso as pendências financeiras não sejam resolvidas, Miguel receba alta hospitalar sem realizar o procedimento, o que pode representar risco iminente à sua vida.
“Essa é a única chance de sobrevivência do meu filho. Nós fazemos um apelo para que o convênio quite essa dívida. É uma obrigação deles. Estamos falando de uma criança, de uma vida”, desabafa Geiza.
O que diz o Austa
O Austa Clínicas informou, em nota, que a decisão judicial não é definitiva e que a operadora recorreu à segunda instância, aguardando julgamento. Segundo o plano, o recurso questiona a escolha da beneficiária por realizar o tratamento de forma particular no Hospital Beneficência Portuguesa, fora da rede credenciada e da área de cobertura do contrato, além dos valores cobrados.
O Austa afirma ainda que tanto o parto quanto as cirurgias já haviam sido previamente autorizados para serem realizados no HCM – Hospital da Criança e Maternidade (CardioPedBrasil), em São José do Rio Preto, conforme cobertura contratual, informação que teria sido comunicada à mãe do paciente.
De acordo com a operadora, não há, neste momento, obrigação de pagamento das despesas médicas e hospitalares já realizadas, entendimento que teria sido reconhecido pelo próprio juiz do caso ao extinguir o pedido de cumprimento provisório da sentença, por considerar que a decisão ainda precisa ser confirmada em todas as instâncias.
Em relação à Cirurgia de Fontan, o Austa informou que, assim que houver solicitação formal da equipe médica da Beneficência Portuguesa, autorizará a realização do procedimento naquela instituição, em cumprimento à decisão judicial então vigente.
Sobre a alegação de que a equipe médica não realizaria a cirurgia enquanto não houver o pagamento da dívida, o plano afirma que os profissionais escolhidos pela família tinham conhecimento prévio de que o paciente possuía plano de saúde sem cobertura na cidade de São Paulo, e que a responsabilidade financeira seria discutida judicialmente. Segundo o Austa, ao assumir o caso, a equipe também assumiu os riscos relacionados ao desfecho do processo, e a operadora declara não concordar com a conduta dos médicos.
Por fim, o Austa reforça que sempre disponibilizou e continua disponibilizando cobertura integral para o atendimento de Miguel no Hospital de Base / HCM (CardioPedBrasil), em São José do Rio Preto, unidade reconhecida nacionalmente como referência no tratamento de crianças com cardiopatias graves, colocando-se à disposição da família para viabilizar o atendimento nessa unidade.